Durante a pandemia, o setor de bares e restaurantes foi obrigado a fechar as portas por mais de 120 dias, entre março de 2020 a junho de 2021. Nesse momento, para evitar fechar as portas, o setor de alimentação fora do lar se viu obrigado a iniciar ou investir ainda mais no sistema de delivery e entregas, o que acelerou a venda online de comida.
Essa nova situação, que inicialmente pareceu positiva, fez com que as empresas do setor se tornassem escravas do sistema implantado pelo IFood, que cobra aos bares e restaurantes uma taxa abusiva que varia entre 16% e 30%.
Após a saída do Uber Eats do Brasil, a situação se agravou, afinal a empresa começou a monopolizar, chegando a atingir mais de 90% do mercado. “Criamos um monstro. Sim, digo criamos, porque nós mesmos, do setor de alimentação fizemos isso. Cegos, com a pandemia que avançava e sem saber nada sobre o que viria pela frente, com a necessidade de faturar, alimentamos esse sistema perverso“, salienta o Presidente da Abrasel do RN, Paolo Passariello.
Porém, o cliente também é afetado com tudo isso, afinal o aplicativo o induz através da verticalização do IFood. Usando serviços como: vales-refeição, cashback e serviços de descontos absurdos, o IFood direciona o cliente para estabelecimentos que o aplicativo tenha mais rentabilidade, decidindo assim, quem vende e quem compra mais. Passariello alerta: “Ninguém sabe qual é o algoritmo que posiciona os estabelecimentos na lista e estudos demonstram que o cliente não vai além dos primeiros 20 da lista”.
A margem de lucro de um bar/restaurante opera entre 8% a 20%, sendo o último alcançado por poucos estabelecimentos. Com essa realidade, a maioria não consegue arcar com comissões tão altas. Então, é o cliente quem paga mais caro por um serviço ou produto que poderia ser mais barato. O que é possível através da criação de aplicativos dos próprios estabelecimentos, link de pedidos, whatsapp ou por telefone, basta o cliente se atentar a essas questões.